Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

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ghamauricio
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Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

Mensagem por ghamauricio » 13 Fev 2012, 23:21

Bom pessoal, troquei uns emails com o Dougl01n pra tentar encontrar uma solução para a turbulência da bolha da Té 250.

Vou listar alguns conceitos no primeiro post, soluções isoladas no segundo, e por fim pretendo mostrar o resultado no terceiro.
Wikipedia escreveu:Um fluxo de fluido pode se comportar quanto à direção da trajetória das partículas que o compõe em relação a dependência do estado de organização do escoamento em:
  • Escoamento laminar (regime laminar, também chamado de lamelar ou tranquilo) - no qual as partículas do fluido tendem a percorrer trajetórias paralelas.
  • Escoamento turbulento (regime turbulento, no qual as trajetórias das partículas são curvilíneas, não paralelas, alteram-se em sentido, sendo irregulares. Apresentam entrecruzamento, formando uma série de minúsculos redemoinhos ou vórtex. O escoamento turbulento é também conhecido como "turbilhonário" ou "hidráulico". Na prática, o escoamento dos fluidos quase sem exceção é turbulento. É o regime típico das obras de engenharia, tais como adutoras, tubulações industriais, vertedores de barragens, fontes ornamentais, etc.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_de_escoamento" onclick="window.open(this.href);return false;

Pois bem. Existe um fenômeno chamado "Von Karman Vortex Street" que é causado pela forma como um fluído passa por determinadas superfícies - uma função da forma e do ângulo de incidência, diferenças de pressão etc. Ele surge a partir de determinada velocidade, chega ao seu auge em uma determinada velocidade, e depois começa a diminuir, deixando apenas um fluxo turbulento genérico. Tem alguma semelhança com o fenômeno da ressonância.
Aqui temos um exemplo de uma vortex street:
Imagem

Infelizmente não encontrei nenhum vídeo REAL de um vortex street, mas esta simulação explica extremamente bem o fenômeno:
http://www.youtube.com/watch?v=EXCHrlxPi6g" onclick="window.open(this.href);return false;

Falando um pouco sobre carros, existe uma diferença entre um spoiler e uma asa (costumamos chamar este último de aerofóleo, apesar de alguns também chamarem os spoilers erroneamente pelo mesmo nome). A diferença é conceitual: spoilers tentam reduzir a turbulência atrás do carro e reconstruir (pelo menos parcialmente) um fluxo laminar. Asas são literalmente asas, só que de cabeça para baixo, empurrando a traseira do carro contra o chão.
Aqui vai uma ilustração do uso de um spoiler:
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ghamauricio
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Re: Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

Mensagem por ghamauricio » 13 Fev 2012, 23:23

Pois bem. Tenho certeza de que o que acontece com a bolha da Té é um vortex street por vários motivos.
  • Primeiro porque a bolha da Té é pequena,
  • Segundo porque muita gente diminui este problema inclinando-a pra frente. (Leia sobre "Coeficiente de Reynolds". Note que no link pro artigo correspondente em inglês na Wikipedia mostra uma animação de um vortex street: url]http://en.wikipedia.org/wiki/Reynolds_number[/url]).
  • Terceiro porque na sua parte superior ela se curva pra frente (ou pra cima, como queira), meio que tentando projetar o vento mais alto do que ela própria. (Note este camarada falando que as bolhas dele têm uma entrada de ar pra não permitir uma pressão tão baixa do lado de dentro, e as bolhas dele não apresentam esta voltinha justamente por causa disso: http://motorcycleinfo.calsci.com/Fairing.html" onclick="window.open(this.href);return false;)
  • Quarto que eu nunca vi uma bolha de moto apresentar esta maldita voltinha, nem ser tão pequena, nem ser inclinada pra frente pra diminuir a turbulência, nem nunca vi ninguém reclamando tanto desta maldita turbulência em outras motos!
Enfim, se o problema não for um vortex street, no mínimo é certo que temos turbulência.

Primeira opção seria inclinar mais a bolha. Acredito que inclinando tanto pra frente quanto pra trás daria uma diminuida neste fenômeno. Talvez se ela for bem chapada contra o vento seja a melhor opção. Só testando pra ver. Inclinar pra frente ainda diminuiria a quantidade de vento que chega até você, mas tem chance de aumentar o consumo e diminuir a velocidade final. Muito pouco, mas tem.
Soluções a respeito disto:
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Segunda solução seria criar uma bolha sem esta voltinha. O Kakko fez uma, a Motovisor faz a deles (a da motovisor tem uma voltinha, mas parece ser mais sutil). Aparentemente só isto já reduz a turbulência, mas em contrapartida, não cria uma área "sem vento" tão grande atrás dela. Você precisa de uma bolha "sem voltinha" mais alta pra fazer a "sombra" que a original "com voltinha" faz. Não vai eliminar a turbulência, mas acho que vai diminuir drasticamente.
Não vou postar fotos disto porque todas as imagens listadas aqui são de bolhas sem esta voltinha. Deve ter um bom motivo pra não fazerem esta maldita voltinha em "motos mais sérias"...

Terceira opção seria colocar um spoiler. Acredito que o spoiler teria mais resultado com uma bolha "sem voltinha" do que com a bolha chapada contra o vento.
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Note que o vento "faz curva" (turbulência) com o spoiler recolhido, e em certas posições o ar volta a fluir (fluxo laminar). Só de voltar a fluir o vento em um fluxo laminar, o incômodo diminui - basta você ficar de pé na sua Té a 90km/h pra ver que o vento lá em cima não é tão ruim assim.

Quarta opção, mais drástica e com resultado mais incerto, seria criar um furo (ao estilo das bolhas do Calsci). Acho que seria a pior opção pois poderia ter um resultado pequeno, além de termos que fazer vários furos em várias bolhas até descobrirmos a melhor solução. Esse tal de Calsci adora isso.
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Quinta opção, menos ortodoxa e que demanda mais adaptação, seria fazer um aparato com duas bolhas, ou com uma superfície qualquer por baixo da bolha, pra "canalizar" o vento. Notem que já há uma tentativa de fazer isso, posto que a bolha está espaçada do painel e há um espaçamento entre ela (a bolha) e as beiradas do painel. Parece que houve o cuidado de permitir que o vento entre por baixo dela pra isto acontecer.
Se você notar o funcionamento das velas dos barcos, verá que elas funcionam melhor quando trabalham com as duas velas ao mesmo tempo - pois uma vela cria um fluxo para melhorar o funcionamento da outra, então as duas velas trabalhando juntas se tornam mais eficientes do que a soma das duas se independentemente testadas.
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Mesma idéia, mas com o Robobracket lá da primeira opção.

Links:
http://www.aeroflowscreens.com/products.htm" onclick="window.open(this.href);return false;
http://www.bikehps.com/mra/variotouringscreens.html" onclick="window.open(this.href);return false;
http://www.madstad.com/" onclick="window.open(this.href);return false;
http://www.calsci.com/" onclick="window.open(this.href);return false;
Editado pela última vez por ghamauricio em 14 Fev 2012, 00:27, em um total de 4 vezes.

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Re: Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

Mensagem por ghamauricio » 13 Fev 2012, 23:23

Depois eu falo sobre as minhas idéias. É meio que uma combinação de todas, mas tem que fazer uns desenhos, esquemas e tal...

Abraço!

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Re: Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

Mensagem por Kakko » 14 Fev 2012, 13:06

Beleza ghamauricio..... :joinha: é isso aí...

tbm estou planejando a construção de uma segunda bolha....pois notei recentemente ...após algumas chuvas, na estrada principalmente por causa da velocidade, um tanto de água que vem por baixo da bolha.
Já pensei em uma solução que pretendo aplicar na próxima ;)
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Re: Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

Mensagem por kablack » 14 Fev 2012, 13:39

ghamauricio;

Belo post!

Abraço
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Re: Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

Mensagem por ghamauricio » 14 Fev 2012, 14:01

Eu reparei que a sua bolha ficou "bicuda", meio que convidando o vento a entrar por baixo dela sem ditar uma direção para este vento seguir. Seria legal se tivesse outra superfície por baixo dela, pra "canalizar" aquele vento e fazer um fluxo laminar pra cima, como as soluções do http://www.aeroflowscreens.com" onclick="window.open(this.href);return false;.

Note também que a bolha original é curvada nesta parte inferior, pra acompanhar o formato do painel. Deve ser pra controlar a quantidade de ar que entra... Tente dar uma curvadinha na sua!

Mas compartilha com a gente a sua idéia aí!!


A propósito Kablack, eu sei que a densidade deste tópico está foda e que muita gente vai fechar a página assim que bater com a citação da Wikipédia, mas também sei que uns 4 ou 5 membros do fórum vão dar valor, discutir e ajudar a chegar numa solução bacana! :joinha:

Abraço!

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Re: Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

Mensagem por kablack » 14 Fev 2012, 14:03

ghamauricio escreveu:Se você notar o funcionamento das velas dos barcos, verá que elas funcionam melhor quando trabalham com as duas velas ao mesmo tempo - pois uma vela cria um fluxo para melhorar o funcionamento da outra, então as duas velas trabalhando juntas se tornam mais eficientes do que a soma das duas se independentemente testadas.
Ôpa!

De vela de barco eu entendo!

Não é isso não.

Velejando no contra vento as duas velas formam o "efeito venturi" que "suga" o veleiro em direção ao vento.

Já velejando com o vento à favor a área das velas é somada, simples assim.

Veja aqui o ajuste da vela de acordo com a posição do vento e rumo da embarcação:


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-----------------

De qualquer modo o que realmente importa para velejar (e que se aproveita em relação à Bolha da moto) é que para cada direção ou velocidade de vento existe um ajuste de vela ideal.

No caso específico da bolha posso afirmar com segurança que somente um sistema móvel pode melhorar a turbulência, que varia de acordo com a velocidade.

É só você perceber que as melhores bolhas tem sistema de ajuste de altura e inclinação.

Concluindo, você não ficará satisfeito com um sistema fixo. (Furos ou formato plano da bolha.)

Nos aviões é móvel, nos barcos é móvel, nos carros de corrida (e alguns de rua) é móvel, nas melhores motos é móvel.

A solução é simples: - Desenvolver um sistema móvel para a bolha da Té250.

Abraço
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Re: Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

Mensagem por alexandrepalhynha » 14 Fev 2012, 14:25

kablack voce veleja? guarapiranga ou billings?
meu pai e eu andavamos muito de SC17 agora ta parado mas quando da tempo ate damos umas voltas.

um sistema pneumatico para regular a bolha poderia aproveitar o SRAM usado nas suzuki de corrida. ou entao usar um acionador eletrico conjugado ao velocimetro.
particularmente acho muita sogisticação, 1% dos usuarios se aproveitariam disso. o melhor é regular a bolha para 80-100 km/h que é a faixa mais usada.
as teneres 660 e 1200 usam bolhas diferentes da 250. talvez copia-las.....

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Re: Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

Mensagem por Beto Klein » 14 Fev 2012, 14:30

kablack escreveu: A solução é simples: - Desenvolver um sistema móvel para a bolha da Té250.

Abraço
Eu iria escrever somente isso.
Como escreveu o kablack, as melhores são assim... :thumbup:

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Re: Soluções aerodinâmicas para a bolha da Ténéré 250

Mensagem por kablack » 14 Fev 2012, 14:41

alexandrepalhynha escreveu:kablack voce veleja? guarapiranga ou billings?
meu pai e eu andavamos muito de SC17 agora ta parado mas quando da tempo ate damos umas voltas.

um sistema pneumatico para regular a bolha poderia aproveitar o SRAM usado nas suzuki de corrida. ou entao usar um acionador eletrico conjugado ao velocimetro.
particularmente acho muita sogisticação, 1% dos usuarios se aproveitariam disso. o melhor é regular a bolha para 80-100 km/h que é a faixa mais usada.
as teneres 660 e 1200 usam bolhas diferentes da 250. talvez copia-las.....
Alexandre;

:offtopic: Velejo no Sul. Minha família tem veleiro lá. :offtopic:


Sobre a bolha, me refiro ao sistema mecânico mesmo. Igual ao das KTM e afins mostrado no próprio tópico.

Pessoalmente não mexerei em nada. Sou adepto da simplicidade.

Filosofando, só um pouquinho, este é o problema maior da nossa época, para resolvermos um problema (turbulência na bolha) causamos vários outros...

Conhece a história da caneta esferográfica?

"Quando a NASA começou a mandar astronautas para o espaço, rapidamente descobriu que as canetas da época não escreviam em gravidade zero. Para combater este problema, os cientistas da NASA gastaram uma década e 1,2 milhões de dólares para desenvolver uma caneta que escrevesse em gravidade zero, de cabeça pra baixo, debaixo d´água, em qualquer superficie, incluindo vidro, e a temperaturas que fossem desde o negativo até aos 300C... Os russos? Simplesmente usaram um lápis."

Dizem até que a história não é verdade. Mas a lição é válida!

Abraço
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