diferença entre a DID original e de reposição

Aqui deverão ser postados os assuntos relacionados à mecânica, especificamente do modelo Ténéré 250.
RAlves
Mestre+
Mestre+
Mensagens: 1954
Registrado em: 22 Jan 2011, 14:51
Cidade onde mora: Taubate / SP

Re: diferença entre a DID original e de reposição

Mensagem por RAlves » 19 Fev 2016, 14:21

RAlves escreveu:Olha, nunca gostei de DID brasil.

Sempre usei qualquer outra a disposicao...

Mas dessa vez nao consegui nenhuma na cidade, so uma DID brasil dourada.

Instalei ela, rodei 5000km ate agora, ela ta boa ainda, pediu regulagem mas também, lubrifiquei a relacao duas vezes nesses 5000km.

Nao sei quanto vou rodar, na minha outra tenere fiz a mesma coisa e com 15000km tive que trocar a relacao.

QUando digo que prefiro KMC, RIFFEL ou outra pessoal me critica ainda rs.
Só pra constar, esse lixo da DID, com 12000km estava tão folgada na ultima regulagem que caiu da roda e quase me derrubou.

Tirei 4(!) elos, rodei mais 3000km e está do mesmo jeito, caindo já da coroa.

Pior que é bonita a maldita, douradona...

DID nacional nunca mais.
Passion for Excellence
Honda CB400II 1982
Yamaha Tenere 250 2014
http://rodasebotas.blogspot.com.br/" onclick="window.open(this.href);return false;

Avatar do usuário
ivnn
Mestre-
Mestre-
Mensagens: 713
Registrado em: 05 Jan 2012, 14:32
Cidade onde mora: São Paulo / SP

Re: diferença entre a DID original e de reposição

Mensagem por ivnn » 20 Fev 2016, 16:58

Recebi o retorno da Daido.

Foi tratado com extraordinária gentileza pelo pessoal de lá. Até me deram uma corrente nova, que nem pedi. O que eu queria era só saber por que aquela corrente tinha durado pouco. Fui eu que a tratei errado?

Eu mando a análise a quem me passar por MP o email.

Mas em resumo: A corrente alongou 1.91% (por coincidência exatamente o que eu tinha medido antes de enviá-la) e tinha pinos avermelhados por falta de lubrificação entre pino e bucha.

As durezas das placas estavam na faixa de 43 a 44, suponho que escala HRC. Os pinos e buchas entre 550 e 610, não faço idéia que escala seja essa, já que é muito alto para HRC. Mas estão, segundo eles, com durezas normais.

Em pinos que sofreram desgaste, mediram um ovalado em 4.86/5.07, quando o nominal seria redondo em 5.08.

Em buchas, mediram uma com interno ovalado em 5.24/5.75, quando o nominal seria redondo em 5.21.

Repassei agora a pergunta: Mas por que o pino avermelhou? Por que não tinha lubrificante lá? Não é papel do o'ring retê-la?

Posto aqui a resposta, quando tiver.

Avatar do usuário
hdbatistela85
Mestre-
Mestre-
Mensagens: 621
Registrado em: 04 Dez 2013, 09:30
Cidade onde mora: Osasco/SP

Re: diferença entre a DID original e de reposição

Mensagem por hdbatistela85 » 21 Fev 2016, 00:26

Essa dureza na faixa de 500 e 600 tem o nome de microdureza vickers, feito em aparelhos de dureza específicos com microscópio acoplado ! Tem cargas bem pequenas de até 1 kg! Enquanto que para hrc mede com carga de 150 kg! Não sei a especificação mas achei baixo 43 a 44 o pinhão tem um tratamento que fica com dureza próxima a 55 hrc , quer dizer corrente mais macia tem mais desgaste ! Mas isso é só opinião não sei a dureza das correntes !

Alguém me indica um lugar em SP onde comprar a corrente kmc uo ? Ou algum site da net ? Eu procurei mas poucos tem a especificação , na corcopin na general Osório já verifiquei e não tem , obrigado !


Enviado do meu iPhone usando Tapatalk

Avatar do usuário
ivnn
Mestre-
Mestre-
Mensagens: 713
Registrado em: 05 Jan 2012, 14:32
Cidade onde mora: São Paulo / SP

Re: diferença entre a DID original e de reposição

Mensagem por ivnn » 21 Fev 2016, 14:49

Não é para a placa ter atrito expressivo com o pinhão ou coroa, a menos que exista um desalinhamento importante. E placa tem que ter uma certa ductibilidade para aceitar a deformação parcial e garantir a fixação perfeita do pino e da bucha. Daí que deve ter essa dureza menor.

Observem no diagrama abaixo que o pino trava nas placas externas, enquanto a bucha trava nas placas internas. Ao montar o pino dentro da bucha, o fabricante põe uma graxa que fica retida pelos anéis de borracha. Eu desconfio que na minha corrente esse lubrificante conseguiu vazar, permitindo desgaste acelerado dela.



Quem tem contato com o pinhão e coroa é o rolo, que flutua por fora da bucha. Na análise os rolos estavam com dureza entre 495 e 526. Nem tinha mencionado porque o desgaste do rolo, se existir, não está diretamente vinculado com o alongamento da corrente, que era a minha reclamação. E tampouco eles sequer mediram o desgaste do rolo. O que pega, na corrente, é pino e bucha. É pelo afinamento do pino que a corrente eventualmente rompe.

Vejo gente falando que tiram elos e continuam usando a mesma corrente. Se o cara tivesse noção do que está acontecendo na parte crítica dela para alongar tanto, o cara trocava a corrente. É muito sangue-frio rodar com uma corrente extremamente alongada.

Avatar do usuário
Led-RJ
Mestre
Mestre
Mensagens: 867
Registrado em: 30 Nov 2012, 09:15
Cidade onde mora: Nova Friburgo
Localização: RJ

Re: diferença entre a DID original e de reposição

Mensagem por Led-RJ » 21 Fev 2016, 16:52

Temos que elogiar essa galera que contribui de forma fantástica com esse fórum.
Muito obrigado pessoal!
Continuo acompanhando o tópico...
Ténéré 250 - 2011 - "Mendimoto Mad Max"
Tiger 800 - 2014
G 650 GS - 2012

Imagem

Avatar do usuário
hdbatistela85
Mestre-
Mestre-
Mensagens: 621
Registrado em: 04 Dez 2013, 09:30
Cidade onde mora: Osasco/SP

Re: diferença entre a DID original e de reposição

Mensagem por hdbatistela85 » 21 Fev 2016, 20:33

Não tinha observado que a dureza de 43 e 44 era das placas , realmente a importância dela nessa situação não é critica . Quanto a dureza de 550 a 610 este sim esta mais próximo a dureza do tratamento térmico realizado tanto na coroa quanto no pinhão !!! Valeu ivnn ! Quem tiver uma dica a respeito da corrente kmc ainda estou precisando valeu !


Enviado do meu iPhone usando Tapatalk

RAlves
Mestre+
Mestre+
Mensagens: 1954
Registrado em: 22 Jan 2011, 14:51
Cidade onde mora: Taubate / SP

Re: diferença entre a DID original e de reposição

Mensagem por RAlves » 22 Fev 2016, 06:34

IVNN, depende da situação o tirar elos.

Eu já sabia que a minha corrente estava no máximo de dilatação, mas não tinha como trocar no momento na estrada.

HDbatistela, aqui http://www.serginhomoto.com.br" onclick="window.open(this.href);return false; eles têm a KMC UO, comprei sábado pra minha, mas com emenda e 120 elos, vou ter que tirar 14.

Ficou em 165R$.

Comprei o kit de coroa e pinhão vaz 1045 pra fazer par também.
Passion for Excellence
Honda CB400II 1982
Yamaha Tenere 250 2014
http://rodasebotas.blogspot.com.br/" onclick="window.open(this.href);return false;

Avatar do usuário
ivnn
Mestre-
Mestre-
Mensagens: 713
Registrado em: 05 Jan 2012, 14:32
Cidade onde mora: São Paulo / SP

Re: diferença entre a DID original e de reposição

Mensagem por ivnn » 23 Fev 2016, 13:57

A resposta que a DID me deu foi espetacular. Como tive a autorização do remetente, copio-a como recebi.
(nota: as imagens abaixo são exemplo, e não da minha corrente. Diversas fotos da minha corrente só no laudo de análise)
Boa tarde Ivan,

Agradeço o interesse em nossos produtos e na maneira como procura entender suas características e funcionalidades. Para nós trata-se de importante oportunidade de apresentarmos nosso diferencial comparado a nossos concorrentes.

Sua colocações são precisas e contundentes. Dignas de quem entende do que está falando. Portanto. perdoe-nos pela simplicidade de nosso relatório, pois geralmente são direcionados para o público geral, dentro de uma linguagem de mais fácil interpretação possível.

O laudo feito por nosso Departamento de Pesquisa é laboratorial, com base nas evidencias visuais, dimensionais e dureza. Com isto, checamos se a corrente foi produzida atendendo requisitos básicos de tratamento térmico, montagem e se foi instalada de maneira adequada na motocicleta.

Mas, vamos lá às seus questionamentos, tentarei ser o mais prático possível:

No relatório apontamos um superaquecimento nos pinos, caracterizado pela cor avermelhada.

Na imagem abaixo podemos analisar melhor como funcionam os retentores (em “X”), destacado em vermelho, está o lubrificante.

Os retentores tem dupla função:

1- Enclausurar o lubrificante entre os pinos e buchas, reduzindo assim o atrito entre eles e consequentemente o desgaste e alongamento da corrente.

2- Inibir a entrada de elementos neste ambiente que pudessem comprometer a função de lubricidade. Até mesmo de nova lubrificação!

De fato (até nos orgulhamos disto) os retentores DID tanto O’ring ou X’ring cumprem seu papel de maneira duradoura e como nenhuma outra marca no mercado.

Mas então, o que explica a inexistência de lubrificante na corrente? Diversas possibilidades. Nos reunimos e elaboramos um breve brainstorming para melhor explicá-las:

1- Por falha operacional, a corrente ter sido montada sem lubrificação adequada.
  • a. O operador não identificou que o tanque de óleo estava vazio (considerado como severidade muito alta, ocorrência remota, detecção muito grande);

    b. A corrente ficou tempo demasiado sem fechamento das placas, o que faria com o óleo se perdesse (considerado como severidade alta, ocorrência baixa, detecção moderada);

    c. A velocidade da linha estava alta, não permitindo a penetração adequada do lubrificante nos elos internos da corrente (considerado como severidade média, ocorrência remota, detecção muito alta);

A situação b. foi considerada a mais provável nesta condição.

2- A pressão nos retentores pela placas externas não era adequada, fazendo com que o óleo se perdesse.
  • a. Durante a montagem a prensa de fechamento de placas não estava ajustada; (descartado: dimensional da corrente ok através de dispositivo P-NP)

    b. Uso de solventes na limpeza da corrente (exemplo WD40), estes ressecam a borracha que por fim acabam perdendo memória (resiliência) e se desgastam de forma acentuada

    Nota: Os retentores em imagem ampliada se apresentam bem desgastados;

    c. Abrasivos como areia e cimento desgastam os o’rings e estes perdem poder de retenção.

    Nota: marcas de desgaste por abrasão na região onde são mantidos os retentores.



3- A corrente teria sofrido forte vibração quando em operação, isto torna o enclausuramento do óleo não eficiente pelo processo de desmontagem da corrente ou deformação do retentor;

Isto pode ser gerado por desalinhamento, uso combinado com coroas e pinhões desgastados, fechamento da emenda de forma irregular, ou algum elo menos flexível.

Nota: emenda ZJ aparenta ter sido montada sob ação de marteladas, sem uso de ferramenta adequada. A análise não é conclusiva pois a emenda estava destruída para remoção da corrente.


Ivan, estas são as condições mais comuns para que aconteçam a falha de desgaste prematuro por lubrificação inadequada. Nada impede que possam ter ocorrido outro fator de causa.

Um laudo mais preciso e certeiro seria muito difícil nesta etapa pois os fatores são diversos e o desgaste já aconteceu.

Acredito que esta ocorrência servirá para nós como um alerta e como ponto de melhoria. Graças ao seu relato junto, estamos nos dedicando ainda mais no processo de lubrificação de correntes.

Quanto ao manual da YAMAHA, acredito numa possível falha de digitação.

Você citou a XT660...

Já a YAMAHA XT660R e Z, possui um motor muito forte, que gera cerca de 800kgf de força na corrente quando parte do zero. A DID VX2 é desenvolvida para uma carga de ruptura de 36,5kN, acredito ser a maior da categoria, porém o pior vilão da corrente é a VIBRAÇÃO (pior até que a falta de lubrificação), porque prejudica a sua resistência à fadiga. Na maioria das vezes, a falha começa na expulsão dos retentores, devido ao processo de desmontagem da corrente (uma vez que a corrente é composta de prensagem de componentes). Veja este exemplo abaixo que analisamos a algum tempo atrás:

Exemplo de retentor sendo expulso devido a abertura dos elos internos.


Infelizmente, esta vibração ocorre pelos seguintes fatores:

1- Fechamento inadequado de emendas;

Apresentação de fechamento inadequado


Largura da corrente no elo de emenda x largura de demais elos, elo mais pesado gerou forte vibração na corrente



2- Uso prolongado em baixa (gera chicoteamento da corrente)

-----------------------------------------------------
Concluindo...

Bem, Ivan, como pode ver, pequenos detalhes são cruciais na vida útil da corrente.

Espero que tenha compreendido (embora acredite que falo com um especialista em 6 sigmas).

Não estamos de forma alguma nos isentando de qualquer responsabilidade no acontecido. Me coloco a sua disposição para eventuais sugestões.

Grande abraço

Avatar do usuário
ivnn
Mestre-
Mestre-
Mensagens: 713
Registrado em: 05 Jan 2012, 14:32
Cidade onde mora: São Paulo / SP

Re: diferença entre a DID original e de reposição

Mensagem por ivnn » 23 Fev 2016, 14:10

Em resumo, eles suspeitam que minha corrente tenha durado pouco em razão de ter passado tempo demais entre a lubrificação e a montagem das placas, o que permitiria que parte do óleo saísse. E se dispuseram a melhorar esse ponto do processo deles.

Eu gostei da resposta, e irei testar a nova VD que irei ganhar. A VD da minha Te atual está com 30k com pouca elongação, então faz sentido que a ocorrência dessa lubrificação deficiente não seja frequente.

Atenção ao detalhe do WD40 e outros solventes: Ele mostra anéis agredidos por essas químicas. O anel de borracha é o que garante a vedação retida lá, e portanto a vida da corrente. Quem usa química, ou joga jato forte de água na corrente, vai comprometer a vida dela sem saber. Daí que tem um monte de gente reclamando que a corrente dura só 10k ou 15k, mas passa WD, usa solupan, jato forte d'agua, etc.

Avatar do usuário
hdbatistela85
Mestre-
Mestre-
Mensagens: 621
Registrado em: 04 Dez 2013, 09:30
Cidade onde mora: Osasco/SP

Re: diferença entre a DID original e de reposição

Mensagem por hdbatistela85 » 23 Fev 2016, 18:00

Muito bacana ivnn ! A uns tempos levei minha moto em lava rápido convencional , pode ser uma das causas de minha corrente estar com problemas ! Muitas vezes não damos importância na hora do fechamento da corrente sem emenda , isso parece ser um ponto crucial para a vida útil da corrente !

Off : vc fez 6 sigma ivnn ? Qual sua formação ?


Enviado do meu iPhone usando Tapatalk

Responder